“SCHUUUUUUN” “SCHUUUUUUN”… respirando profundamente, logo ali, está o navio Schönbrunn. O imponente veterano que desde seu “nascimento” em 1912 navega nas águas de um dos mais importantes rios da Europa, o rio Danúbio.

Seu “suspiro”, de quem está pronto para partir, só esperando que os mortais embarquem para que dentro de sua protegida casca possam ser apresentados a este belíssimo rio, nos relembra dos filmes antigos de meados do século 19, quando navio a vapor eram comuns.

A saída e retorno são da pequena grande cidade de Linz, na Áustria. Pequena para os padrões brasileiros de cidades, mas na Áustria, Linz com seus aproximados 200 mil habitantes é a terceira maior cidade do pais e capital do estado de Oberösterreich, ou Alta Áustria em português.

Navegando pelo Rio Danúbio

Vale comentar também que Linz, desde 2009, é membro da UNESCO como capital da cultura europeia juntamente com a capital da Lituânia, Vilnius.

O minicruzeiro organizado pela OGEG, que é uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é manter “viva” as máquinas que fizeram parte do passado austríaco, este minicruzeiro segue o rio em direção a cidade austríaca de Grein. Toda a tripulação é formada por voluntários da OGEG. A maioria é austríaca, claro, mas temos também a nossa grande brasileira Katia, que junto com seu marido Wolfgang são parte da equipe.

Casa de máquinas do Schonbrunn

A equipe da tripulação são de aproximadas 20 pessoas e possuem diversos papeis. Alguns deles bastante peculiares, como por exemplo, a casa de máquinas. Cuidar deste motor que “respira” precisa de ao menos 6 pessoas constantes.

Há também a ponte, que diferente dos navios atuais, não se controla o motor. O capitão dá o comando para que a equipe da casa de máquinas execute. Frente, ré, força total etc. São ordens que serão executadas cegamente em um exemplo evidente de que trabalho em equipe só funciona quando há confiança.

A viagem segue e vamos apreciando o prazer de viajar em um antigo navio a vapor, que embora não pareça, navega mais rápido do que os navios modernos. Há bordo temos os espaços abertos do convés, popa e corredores laterais. Há também dois restaurantes panorâmicos onde o almoço é servido com escolhidas receitas tradicionais, uma cafeteria e inclusive cerveja gelada disponível. Repare o adjetivo gelado, ele é opcional em se tratando de cervejas por aqui.

Centro de Grein

Na parada em Grein, temos aproximadamente uma hora para conhecer o castelo e passear pela região. Parece pouco, mas é tempo suficiente.

Grein, que se pronuncia “Grain”, é uma pequena cidade com cerca de 2 mil habitantes, porém com tradicionais restaurantes e outros poucos comércios que mantem neste aconchegante vilarejo “a cara” da Áustria.

Vista do castelo Greinburg

Há também em Grein, um teatro com mais de 225 anos ainda em atividade em um edifício de 1468 e também a atração principal da cidade que é o castelo Greinburg. Construído no final do século 15, este conservado castelo ainda serve de residência para seus herdeiros e a visitação é permitida ao custo de 6 euros.

Entrada do castelo Greinburg

De Greinburg é possível ter uma visão ampla sobre a cidade de Grein e sobre o vale verde que costeia o Rio Danúbio. A belíssima paisagem remete a tempos longínquos. De fato, pouco parece ter mudado por aqui ao longo dos anos.

Para nós brasileiros, é quase impossível não notar a tranquilidade e segurança. Bicicletas encostadas a beira dos estabelecimentos, veículos abertos estacionados. A segurança desta região parece um sonho que não vemos mais no Brasil.

Greinburg

Grein também é um irresistível ponto de parada para os ciclistas que percorrem a ciclovia a margem do rio Danúbio. Diga-se de passagem, esta ciclovia é a mais bonita da Europa. Há nesta margem convidativos bares, sorveteria e restaurantes somente esperando para serem visitados.

Conhecida como a mais bela ciclovia da Europa, começa na cidade alemã de Donaueschingen, na Floresta Negra e percorre 10 países até a baia do Mar Negro. São 2875 quilômetros divididos entre Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Bulgária, Moldávia, Ucrânia e Romênia sempre costeando o Rio Danúbio. Neste trajeto passa por cidades muito interessantes como Munique, Viena, Budapeste etc.

Vale do Rio Danúbio em Grein, Áustria

No regresso ao navio, desta vez teremos mais tripulantes. Os ciclistas que vieram de Linz voltarão conosco na volta, na subida do rio.

Paisagens do Rio Danúbio

Todos a bordo, novos suspiros são ouvidos deste forte “ser” que se prepara para a subida contra a correnteza e vamos embora. Não há como não notar a disposição que esta embarcação tem mesmo contra a correnteza. Parece que o folego dele é incansável. O comando ordena força total a frente e a toda força ele segue incansável.

As margens do rio ainda vemos as famílias, crianças, cachorros e domésticos pescadores, que costumam acampar e se divertirem nas águas calmas e banháveis do rio Danúbio e seus afluentes.

O entardecer no rio é belíssimo. Hoje o pôr do sol teve tom acinzentado e à medida que nos aproximamos a capital estadual, foi como voltar a “civilização”, saindo de vales verdes para adentrar a uma zona industrial até o porto turístico de Linz.

Famílias se divertindo no Rio Danúbio

A eficiência e disposição da tripulação é tamanha, que esquecemos que são todos voluntários ali, mas é muito não nos esquecermos de deixar uma boa gorjeta na caixinha. Estas gorjetas são somadas ao longo do ano e no fim do ano.

Ancorado, e já na saída do navio, a tripulação nos agradece ao estilo hospitaleiro por nossa presença e nós podemos retribuir pelo zelo durante este dia inesquecível a bordo deste maravilhoso navio em uma paisagem tão incrivelmente preservada. Danke.

Schönbrunn e o Rio Danúbio

Para viver esta experiência:

Programe-se para viajar para Áustria no verão europeu. No site da OGEG você encontra a agenda e preços. Não é necessário nenhum documento especial para viajar no Schonbrunn.

Passeios: www.oegeg.at/schmalspur/sommerfahrplan-und-preise/

Mais sobre o Schonbrunn? Schönbrunn, o navio mais antigo da Áustria.